A trajetória da maquilagem
- Gabriela Amado
- 16 de jul. de 2022
- 5 min de leitura
Atualizado: 12 de set. de 2022
O processo de como surgiu esse fenômeno que afeta os dias atuais
A maquiagem tem, segundo a maquiadora Paola Kazarian, “vários significados, entre eles a arte, a forma de expressão, o sentimento, a terapia, a beleza…”. Para ela, “sem a maquiagem, seria um mundo com menos cor, menos comunicação, menos empoderamento, menos sentimento e menos arte”. Por isso, embarque nesta aventura, para entender como a maquiagem surgiu e como ela expressa os múltiplos significados que possui.
Para essa aventura ficar mais leve e divertida, a reportagem será dividida em três partes: Idade Antiga, Média e Renascimento; Séculos XVII, XVIII e XIX; Séculos XX e XXI.
Esta linha do tempo vai ajudar a entender a cronologia da evolução e do histórico da maquiagem.

Fonte: Linha de evolução autoral
O ponto de partida, ou seja, a origem da maquiagem foi 3000 a.C., no Egito Antigo, com o uso do pigmento preto ao redor dos olhos, chamado Kohl, que, para os egípcios, tinha outro significado além de proteção, servindo para honrar o Deus Sol e realçar os olhos para serem o portal para a alma.
Segundo o site Superinteressante, o produto era usado com o objetivo de proteger os olhos de poeira e de outros agentes externos. Também, conforme esse site, “O Kohl é um pigmento preto ainda hoje usado como sombra – isto é, para sublinhar o contorno dos olhos e escurecer cílios e sobrancelhas”.
Conforme o livro “Maquiagem e Visagismo”, da professora Cristiani Maximiliano que ministra no curso Técnico em Produção de Moda do SENAI, "os cosméticos eram produzidos por médicos, sacerdotes ou alquimistas, por isso, acredita-se também na questão de que os egípcios utilizavam a maquiagem como medicamento e proteção e não somente por beleza. Os ingredientes utilizados eram caros, sendo assim, preparados e distribuídos em pequenos potes. "
Ela acrescenta, na publicação, que “basicamente, foram eles que deram início a sombras, delineadores, lápis, blush, batom, que até hoje temos em nossas nécessaires”. Além disso, segundo a professora, pessoas de ambos os sexos e todas as classes sociais maquiavam-se de acordo com a qualidade de produtos a que tinham acesso. Maximiliano escreve que "a maquiagem era refinada, os olhos, a pele e a boca ganhavam destaque e realce."
A professora finaliza dizendo que todas essas características fazem com que sejam a população mais vaidosa da antiguidade.

Foto: Gabriela Amado/Modelo: Luiz Marques
O próximo foco é a Grécia Antiga, onde somente as mulheres se maquiavam — os homens se preocupavam apenas com a beleza corporal —, com uma base leve que as deixava pálidas, Kohl no entorno dos olhos e sombras esfumadas, e um tipo de blush rosado nas bochechas para parecer um “rosto natural”. Também, de acordo com a Superinteressante, o rouge surgiu naquele lugar e período: “segundo relatos do dramaturgo Aristófanes, na Atenas do século V a.C., as mulheres já utilizavam matérias-primas como gordura e tinta vermelha para produzir esse tipo de efeito corado nas faces. A tintura era obtida de raízes vegetais”.

Foto: Gabriela Amado/Modelo: Pedro Krüger
Quando se trata de Grécia Antiga, logo se lembra da civilização influenciada pelo Mundo Grego: a Roma Antiga. Nela, a maquiagem era parecida com a dos gregos antigos, mas, em conformidade com a professora Maximiliano, esse povo apresentava diferenças como: a alteração do estilo de maquiagem de acordo com as classes sociais e a faixa etária; cuidados com a pele que iam além da beleza, como a criação de cosméticos anti-rugas e anti-manchas para o rosto, além de produtos para outras partes do corpo.
Segundo o que ela conta no livro citado, a mulher romana “deveria aparentar uma imagem de ‘ociosidade’, por isso, a questão de estar branca, não ter contato com o Sol; já para o homem, era importante mostrar-se bronzeado, visto que esse representaria liberdade e contato com o Sol”.

Foto: Gabriela Amado/Modelo: Marianne
Agora, a linha do tempo vai para uma nova era chamada Idade Média, quando as mulheres nobres possuíam técnicas diferenciadas das utilizadas nas épocas anteriores, como colocar sanguessugas para deixá-las descoradas. De acordo com o blog “A donzela tecelã” do alter ego, Beatrix Algrave Nunes, elas “faziam uma mistura de cal, sulfureto (sic) de arsênico, unguentos feitos de cinza de ouriço, sangue de morcego, asas de abelha, mercúrio e baba de lesma para depilar e remover os pêlos(sic) indesejáveis; para clarear o cabelo misturavam diferentes ingredientes como fezes de lagartos verdes no óleo de noz e enxofre”.
Além disso, acrescenta Nunes, “para colorir os lábios usavam açafrão; para escurecer os cílios usavam fuligem; sálvia para embranquecer os dentes; clara de ovo e vinagre para aveludar a pele; rosas secas, especiarias e vinagre faziam perfumes; vários tons de lápis de olho e sombras foram vistos na Idade Média”.
Conforme o livro “Maquiagem e Visagismo”, ao invés da base, devido ao fato de crerem que, quanto mais pálidas, mais belas ficavam, outro hábito era raspar as sobrancelhas e colocar um pouco de cabelo em cima da testa. Esse tipo de maquiagem surgiu pelo fato de a Igreja Católica considerar heresia o uso da make usada na Antiguidade, por exemplo, a egípcia.
Já as mulheres aldeãs se maquiavam de outra forma, com rosto menos pálido, pois trabalhavam nas colheitas. Também, os homens não se preocupavam com embelezamento, mas tinham os cabelos e as barbas curtos.
Nos séculos XIV e XV, porém, com a queda da Idade Média, a maquiagem mais expressiva ressurgiu quando os europeus fizeram viagens para o Oriente.

Foto: Auto Retrato de Gabriela Amado
Passando para uma época extremamente importante para o desenvolvimento da arte, será que o mesmo se deu quanto à maquiagem?
Segundo Maximiliano, a chamada Renascença, período em que a arte buscava a perfeição absoluta no âmbito de centralizar o homem em cada detalhe do corpo, da mente e da vida, tinha um estilo de maquiagem sutil e mais evidente. Ou seja, com o fim da Idade Média, homens e mulheres retornaram a se maquiar de forma mais expressiva.
A professora continua dizendo que as mulheres voltaram a usar o Kohl para delinear os olhos e para fazer sombras nas pálpebras, usavam de forma mais aparente produtos que roseavam as bochechas e os lábios. Também, elas mostravam os cabelos e o busto, mas continuaram a raspar as sobrancelhas, dessa vez, com o intuito de desenhá-las para deixar as mulheres ainda mais femininas.
Por fim, Cristiani afirma que nessa época, as mulheres nobres faziam pintas, chamadas mouches, com o lápis de maquiagem, as quais, em cada lugar do rosto, tinham um significado. De acordo com o livro “Maquiagem e Visagismo", a “Testa = Majestosa; Perto do olho = Assassina; Canto da boca = Beijoqueira; Bochecha = Galante; Sobre os lábios = Devassa; Abaixo da boca = Discreta; Abaixo do Olho = Apaixonada”.

Foto: Auto Retrato Gabriela Amado
Para finalizar a primeira parte desta reportagem, destaca-se uma fala da maquiadora Kazarian sobre como é importante a história da maquiagem: “A importância da maquiagem vem se ampliando cada vez mais ao longo da história. Começou com beleza, poder, espiritualidade e comunicação e hoje ramifica a autoestima, a independência financeira, ao (sic) empoderamento feminino, a arte cultural inclusive”.
As maquiagens desses períodos citados lembram, de alguma forma, o modo como ela é usada nos dias atuais e como tudo o que se adota na maquiagem e na vestimenta, por exemplo, tem uma conexão com o passado.
Caso tenha gostado de saber sobre algumas manifestações de beleza por meio da maquiagem, comente aqui e curta este post. Também fiquem atentos que em breve haverá a segunda parte desta linda história.
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